domingo, 15 de junho de 2014

REINOS DA COMUNICAÇÃO

 DOIS REIS E SEUS SÚDITOS



Por Leo Ricino*



            Insisto em dizer que as palavras, as letras e os números escritos são as três maiores e insuperáveis invenções da Humanidade.  No caso das letras, por possibilitarem a visualização gráfica das palavras, nos deram o advento da História, através do registro escrito dos acontecimentos ao longo do percurso de nossa espécie. (Gostaria de observar que até o advento das letras, as palavras só eram ouvidas ou representadas por pinturas ou outras formas. Veja na CPLP nº 40 o artigo "Você também acredita em milagres", no qual exponho o ensinamento de Jeronymo Soares Babém arbosa, gramático do século 19, sobre as etapas da evolução da comunicação humana). 
             Segundo a antropóloga Rose Marie Muraro, num excelente estudo, intitulado Breve Introdução Histórica, inserto nas páginas iniciais do livro ‘O Martelo das Feiticeiras’, 16ª ed. Ed. Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 2002, dos inquisidores medievais Heinrich Krammer e James Sprenger, o homem habita a Terra há dois milhões de anos. Já a escrita, como a entendemos hoje, existe há, mais ou menos, cerca de três mil e quinhentos a quatro mil anos. Ora, possivelmente exista ― mas eu desconheço ― algum estudo que compare o desenvolvimento do ser humano antes e depois da escrita. No entanto, tenho para mim que deve haver uma distância geométrica entre todo o período de evolução pré-histórica e a histórica.  Em outras palavras, o que a Humanidade evoluiu nos quase três a quatro mil anos da escrita é absurdamente superior a todo o período sem escrita. Ou seja, quando foi possível armazenar pormenorizadamente, através da escrita, o conhecimento, a evolução deslanchou infrene.                                                 
           Também não conheço nenhum estudo que hierarquize as palavras, pela importância de cada classe gramatical.  De fato, todas nos são indispensáveis e extremamente úteis. Todavia, sem desprezar qualquer das classes, principalmente os pronomes pessoais ou as interjeições ― que disputam o privilégio de serem as primeiras palavras faladas, segundo alguns autores ― creio que dá para perceber certa nobreza em determinadas delas, como o substantivo, o verbo, o adjetivo e o advérbio.  A ideia aqui é discorrer sobre alguns empregos dois principais súditos dos reinos do discurso: os nobres adjetivo e advérbio.

REINOS DO DISCURSO  
       
            Todos sabemos que, no campo do discurso, em relação ao conjunto das palavras ─ ou, se preferir, à estrutura física basilar ─, há dois reinos bem definidos, com seus monarcas indiscutíveis: o das substâncias e qualidades, cujo rei é o substantivo;  e o dos acontecimentos, cujo rei é o verbo.                
         Substância é qualquer espécie de matéria, algo que subsiste por si mesmo, independentemente da imaginação   do Homem. As substâncias são captadas, basicamente, pelos órgãos de sentido; são ponderáveis (tangíveis ou intangíveis ― nesse segundo caso, muitas vezes excluindo-se parcialmente o tato, em relação à possibilidade de manuseio: o vento, por exemplo, não o retemos nas mãos, mas o sentimos na pele) e naturalmente contáveis. Os substantivos que as designam são os concretos.                       
           Já as qualidades são perceptíveis pelas impressões, não são ponderáveis nem contáveis. Assim é que uma pintura artística, um quadro, por exemplo, é tangível e contável (mesmo sendo ser único), mas a beleza que há nela somente nossas impressões conseguem ordená-la em nosso cérebro, ou seja, algo abstrato,  incontável e dificílimo até de explicar para outro ser, o qual necessariamente terá outras impressões.  As qualidades são, pois, designadas pelos substantivos abstratos.                                                                
          No reino das substâncias e qualidades, o rei absoluto (sim, há monarquia absoluta nos dois reinos) é o substantivo, o nome de todos os seres, coisas e qualidades.  No reino dos acontecimentos, o rei absoluto é o verbo.

OS SÚDITOS DO REI SUBSTANTIVO – OS DETERMINANTES

  O substantivo, esse poderoso monarca, dispõe de quatro súditos fiéis ― adjetivo, artigo, numeral e pronome ―, que o acompanham em gênero e número, fenômeno a que chamamos concordância nominal.             Dentre esses quatro auxiliares, aquele que pertence à nobreza é o adjetivo. Para se perceber a importância do adjetivo, mesmo sempre submisso a seu rei, basta dizer que ele não atua constantemente como determinante do substantivo. Defino determinante como aquele súdito cuja finalidade é especificar ─ talvez se diga melhor confirmar, corroborar ─ certas características atribuídas aos substantivos.                              Para esclarecer melhor, peguemos os substantivos assexuados. Ora, gênero é uma categoria gramatical própria dos substantivos.  No entanto, gênero só deveria existir para os seres sexuados. Ou seja, o substantivo será enquadrado como masculino se representar ser do sexo masculino; será do gênero feminino se representar ser do sexo feminino.  Atribuir, portanto, gênero masculino ou feminino a qualquer substantivo que represente ser assexuado beira ao ilógico.                                                                                        No entanto, os humanos somos seres comparativos e, no caso da nossa língua, nosso espírito lusófono-lusógrafo (com perdão desse neologismo lusógrafo, aquele que escreve em português) se encarregou de atribuir um desses gêneros aos seres assexuados também. Mas tal escolha e definição foi absolutamente aleatória, sem qualquer critério pré-definido. Assim, estabeleceu-se que cadeira, mesa, máquina, etc. são substantivos femininos; e que armário, lápis, computador, etc. são masculinos.

NEM SEMPRE FOI ASSIM

            Como a definição de gênero de substantivos que representam seres assexuados é aleatória, há sempre possibilidade de variação ao longo do percurso histórico da nossa língua. Assim, mapa, planeta, fim, êxtase, cometa, estratagema, sínodo, todos masculinos atualmente, já foram femininos. É mesmo até muito difícil imaginar que alguém, num passado remoto, tenha usado A mapa, A planeta, etc.                              Para contrabalançar, aleluia, árvore, bagagem, base, coragem, frase, homenagem, linguagem, origem, pirâmide, todas femininas, já foram masculinas. Difícil aceitar O árvore, mas já foi assim.              Fantasma, metamorfose, personagem, cisma, torrente, tribo, diadema eram usadas ora como masculinas, ora como femininas pelos autores. Hoje, algumas são masculinas (fantasma e diadema), outras femininas. Cisma, quando tem o sentido de divisão, de rompimento, é masculino; com o sentido de ideia fixa, mania, é feminino. 
            Pois bem, aqui entra o papel daquelas palavrinhas às quais estou chamando determinantes, que é simplesmente confirmar essa escolha feita pelo espírito humano lusófono-lusógrafo. Assim, se definimos que tal substantivo assexuado é feminino, o determinante artigo, por exemplo, obrigatoriamente ratifica essa definição. Por isso, a cadeira, a mesa, a máquina, etc. Essa mesma atuação corroborativa dos artigos ocorre com os pronomes e numerais.                                  
            Esse papel dos determinantes é tão fundamental nessa confirmação que, se eles não acompanharem o substantivo assexuado, esse necessariamente passa a ter gênero neutro.  É por isso que fazemos concordâncias nominais como

“É PROIBIDO ENTRADA”                                                                                                                 “CLARA DE OVO É BOM PARA FAZER BOLO”                                                                            “CERVEJA É ÓTIMO COMO DIURÉTICO”

                  
nas quais os substantivos ENTRADA, CLARA e CERVEJA, por não virem acompanhados de determinantes,  estão na sua forma pura, sem gênero gramatical e, portanto, neutros.  Em todas as frases acima, o adjetivo está no gênero neutro (semelhante ao masculino) porque o substantivo com o qual ele tem de concordar também é neutro. Se usarmos um determinante para confirmar o gênero escolhido pelo espírito humano lusófono-lusógrafo para os substantivos acima, aí outra concordância se fará:

“É PROIBIDA A ENTRADA”                                                                                                                 “ACLARA  DE  OVO  É  BOA  PARA   FAZER  BOLO ”                                                                       "ACERVEJA É ÓTIMA COMO DIURÉTICO”
                                   
            Em todas essas, o gênero foi corroborado pelos determinantes e, por isso, nelas o adjetivo assume a forma da concordância regular (ou seja, palavra com palavra, como ocorre com os neutros também).                                                                                                                                            Desse papel determinante do artigo, do numeral e do pronome, o adjetivo, pela sua nobreza, é naturalmente dispensado; todavia, às vezes, por falta de um dos três, ele o desempenha, como ocorre no cartaz ‘ENTRADA PROIBIDA’ afixado numa porta qualquer, em que ele confirma o gênero feminino do substantivo ENTRADA.
ADJETIVOS DETERMINATIVO, RESTRITIVO e EXPLICATIVO
            De fato, adjetivo propriamente dito é um hiperônimo dentro do qual se encaixam os hipônimos artigo, numeral e pronome, além do próprio adjetivo.  Ou seja, todos os súditos do rei substantivo são chamados adjetivos.        

OBS.:  Hiperônimo é o substantivo mais genérico dentro do qual se encaixam outros da mesma espécie, porém mais específicos. Assim, por exemplo, móvel é hiperônimo para mesa, cadeira, sofá, armário, etc., que são seus hipônimos, nomes específicos que se encaixam num nome genérico. 

         Nesse sentido, adjetivos representados, por exemplo, pelos determinantes, colocados sempre antes dos substantivos, não os qualificam distintivamente, mas apenas indicam definição, indefinição, quantidade ou qualidade.                                                                                                    
          Por exemplo, na frase DOIS DE MEUS PRIMOS DE PARIS VIAJAM MUITO, o elemento DOIS refere-se a PRIMOS apenas como quantidade; já MEUS indica a qualidade indicativa de posse.  São meros adjetivos determinativos, chamados em gramática de numeral e pronome possessivo, respectivamente.                                                                                                                                                    Já aos adjetivos restritivo e explicativo lhes cabe papel mais importante.  O primeiro, restritivo, além de qualificar o substantivo, distingue-o de outros substantivos da mesma espécie. Na frase acima, a locução adjetiva DE PARIS (parisienses) qualifica e distingue PRIMOS de outros primos.                                                E o adjetivo explicativo funciona como uma espécie de epíteto não distintivo do substantivo. É o que ocorre com o adjetivo frio referindo-se a gelo; ou com escuro referindo-se a noite. Não há distinção: todo gelo é necessariamente frio; toda noite é necessariamente escura.      
SUA MAJESTADE, O VERBO, O REI DOS ACONTECIMENTOS, E SUA ALTEZA, O ADVÉRBIO
            No reino dos acontecimentos, o rei absoluto é o verbo, palavra que indica o fato principal na cadeia de comunicação. Seu súdito é o advérbio, do qual falaremos a seguir. Ao advérbio coube o papel da representação das circunstâncias. Circunstância é o acontecimento secundário que acompanha o acontecimento principal, aplicando-lhe uma espécie de contexto. Ou seja, circunstância também é acontecimento, só que secundário.                                                                       Assim, “chover” é um acontecimento, mas em “Sempre chove muito em Ubatuba” já há um acontecimento principal (“chover”) acompanhado de três acontecimentos secundários (tempo, “sempre”; intensidade, “muito”, e lugar “em Ubatuba”). Advérbios, portanto, de tempo, de intensidade e de lugar.

O QUE DIZ UM MESTRE

            Jeronymo Soares Barbosa, na ‘Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza’, 4.ª ed, Lisboa, 1866, passa a impressão de que trata o advérbio como palavra de menor importância. Mas é só impressão. Assim ele o define:
“Adverbio não é outra coisa mais do que uma reducção ou expressão abreviada da preposição com seu complemento em uma só palavra indeclinável.”  (p. 222)
            E, alegando querer evitar confusões em relação ao advérbio propriamente dito, distinguindo-o de ‘nomes adverbiados’ e de ‘expressões ou fórmulas adverbiais’, já que ele se mantém na posição de que advérbio necessariamente é palavra única e invariável, insiste que:
“O adverbio é uma reducção da preposição com seu complemento em uma só palavra, e essa invariavel, e sem outro uso na lingua. Por exemplo, o adverbio aqui comprehende em si a preposição em, e o seu complemento é este logar, como se dissessemos: n’este logar ” (p. 223)
OBS.: “Nomes adverbiados”, para esse autor, é o adjetivo que, na sua forma neutra (parecida com o masculino), é empregado como advérbio: “Certo perdeste o senso!”.  Nessa frase, o adjetivo CERTO equivale a CERTAMENTE. É, pois, um nome adverbiado.
“Expressões ou fórmulas adverbiais”: peguemos a expressão às cegas. O autor a denomina expressão adverbial porque, ao contrário do advérbio ‘cegamente’, ela traz oculto um substantivo que faz parte da expressão toda: “às apalpadelas cegas”. Suprimiu-se o substantivo e o restante é chamado de expressão adverbial.  Atualmente não passa de uma locução adverbial, no caso, de modo.  

USOS E ABUSOS DO ADVÉRBIO

            Tenho dito nos vários artigos que produzi para esta Revista que língua é um sistema nada preso a regras, ou seja, paradoxalmente, um sistema quase assistemático.  Ela, como ser vivo, depende muito dos usos e costumes, elementos que realmente estabelecem as normas gramaticais. Então, é comum o próprio professor de língua portuguesa ficar confuso em determinadas situações de emprego de certas palavras, incapaz de enquadrá-las no quadro geral das dez funções sintáticas.                                                                                                                            

OBS.: Função é o papel que um ser desempenha em relação a outros seres. No caso das palavras, elas desempenham dez funções sintáticas: sujeito, predicado, predicativo, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal e aposto.  

          O advérbio é mestre nessa variação de usos na língua. Alguns advérbios saltam feito milho de pipoca de um emprego para outro, mas sempre acabam se encaixando tão bem em novas circunstâncias ou até noutros usos, expressando muito bem aquilo que era a intenção do usuário da língua. Aqui, darei uma amostra, meio que aleatoriamente, de alguns desses usos.

1       = MAS – ou seja, o utente da língua pega o advérbio e o transforma numa conjunção adversativa:  “Ela sempre trabalhou; o irmão nem pensa nisso!”.
2      DEPOIS = ALÉM DO MAIS; POR OUTRO LADO: “Eu não queria; depois já era tarde mesmo!”.
3        = EXPLETIVO: “Eu sei o que digo!”,  “Ouve e fique quieto.”
4      = EXPLETIVO: “Isso é verdade!”, “E eu sei disso!”

OBS.: Expletivo é palavra ou partícula usada apenas para dar realce, ênfase, sem qualquer função sintática. Quando digo “Nossa! Olha só o que aconteceu aqui!”, esse “só” é elemento reforçativo, sem função sintática. A mesma coisa ocorre com a expressão “É QUE” em “Ele é que cometeu tais erros!”. Em ambos os casos, se o falante não quisesse expressar a ênfase, as duas expressões não seriam empregadas.

5      MUITO (precedido de QUANDO) = E OLHE LÁ:  “Essa garota tem uns dezessete anos, quando   muito!”
6            MAIS = E: “Estava o Paulo mais a esposa” (Esse é um uso nordestino)
)             ALI = INDEFINIÇÃO DE TEMPO: “Ali por janeiro, refaremos os cálculos.”
  OUTROS CASOS CURIOSOS

            Haveria muitos outros casos a colocar, mas o espaço é restrito. No entanto, é preciso destacar alguns poucos casos curiosos. Um desses casos é com o advérbio NÃO.  Em determinadas frases, ele aparece repetido, reforçando a negação:


─ Você viu aquele filme? 
Não vi, não.

            A impressão que se tem é que, para o produtor da frase, às vezes, o NÃO está desgastado para as negativas e ele o reforça, repetindo-o, como no exemplo acima. É fenômeno, no entanto, típico da fala.                                                                                                                                                   
OBS: Só como adendo, um caso curioso no Brasil é também o emprego do verbo como advérbio de afirmação (equivalente a SIM), formando o que se chama eco:

─ Você viu aquele filme?  
─ Vi.
                                                                                                                                         
            Outro emprego curioso do advérbio NÃO é como elemento afirmativo, situação em que ele vira um expletivo ― elemento enfático. Isso ocorre principalmente em frases exclamativas, nas quais o produtor delas extravasa seu inconformismo. Veja:
                        “Quantas pessoas NÃO morreram nas várias guerras mundiais!”

            Ao contrário, essa frase, que não é negativa, corresponde à afirmação enfática e exclamativa de que muitas pessoas morreram durante as várias guerras mundiais.  E nem vou falar neste artigo do POIS NÃO e do POIS SIM, já tão discutidos por outros.
O ADVÉRBIO “AÍ” COMO MULETA DA INSEGURANÇA
            O verdadeiro motivo de eu ter produzido este artigo está no fato de eu ser um contumaz ouvinte de rádio. Mais que isso: um viciado ouvinte de rádio. Como tal, vou sentindo as transformações da fala dos locutores ao longo dos anos, pois meu vício vem desde a longínqua Copa do Mundo de 1958.                                  Nos últimos dez a quinze anos, sempre que um radialista tem pouca certeza dos argumentos do seu discurso, ou pouco conhecimento de determinado assunto e se mete a comentar, ele se escora na muleta do . Então, começam a surgir coisas desagradáveis como:
                        “Espero que o governo tome suas providências”                                                           “Até o momento o governo não apresentou qualquer explicação coerente para o vultoso prejuízo da Petrobras.”                                                                                                                                 
 “Voltou a chover e voltou a esperança de aumentar o índice do Cantareira...”                         
“Vai esfriar novamente e vamos sentir um friozinho para amenizar esse calor constante.”  

            Nas duas primeiras frases, o não recupera nenhum lugar ou argumento anterior citado.  É apenas a expressão de falta de segurança de alguém que não se julga preparado para expor uma opinião com firmeza.                                                                                                                                           
          Nas duas últimas, transcrevi a fala de um rapaz que fornece informações sobre o tempo numa rádio de São Paulo. O que ele usa também não recupera lugar ou argumento algum nem indica consequência ou conclusão. É vício e mesmo da insegurança. Nos dois casos, é a tal muleta, principalmente de falantes titubeantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Longe de mim querer esgotar assunto tão palpitante. Foi apenas ligeira amostra das possibilidades da língua, quando ela é explorada nos seus aspectos emocionais e espontâneos, principalmente na fala. O VOLP atual, de 2009, diz apresentar cerca de trezentos e cinquenta mil vocábulos. E todos eles se encaixam numa das dez classes de palavras, cada uma com sua finalidade.                                                             Sim, as palavras apresentam finalidade. Assim, o substantivo foi criado com o intuito de nomear seres, qualidades e coisas; o verbo indica os acontecimentos; as preposições e as conjunções nasceram com a finalidade de conectar e estabelecer relações, etc.                                           
           Todavia, o espírito humano acaba deslocando as palavras de suas finalidades iniciais e lhes dão outras aplicações. Com isso, criam estilos e formas diferentes e até inusitadas de expressão, enriquecendo a língua. Quando isso ocorre com grandes literatos, somos presenteados com obras-primas que nos deleitam. Só nos resta agradecer, curtir os presentes desses artistas das palavras e devorá-los.

*Prof. Leo Ricino – mestre em Comunicação e Letras, professor na Fecap – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e instrutor na Universidade Corporativa Ernst & Young.


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